Quem são as pessoas e projetos que trabalham para fazer a diferença na Amazônia?

Quais são as necessidades deles e como podemos ajudar?

Em nosso primeiro post da série Especial Amazônia Primeiro explicamos a Amazônia brasileira em números e salientamos que não podemos ignorar nossa responsabilidade sobre a maior floresta tropical do mundo. Continuamos explicando as 7 principais ameaças à Amazônia e quais são as indústrias por trás do desmatamento. Neste post, falaremos sobre as pessoas que realmente trabalham com as comunidades e a floresta, os projetos sérios e as ONGs que lutam para fazer a diferença e apoiar a proteção ambiental e social.

Os projetos de desenvolvimento sustentável nas comunidades ribeirinhas são verdadeiras epopeias. Levadas a cabo por pessoas incríveis, que renunciam suas vidas em cidades confortáveis para ajudar e efetivar projetos em regiões remotas, hostis e em condições precárias. O Brasil está entre os países que mais matam ambientalistas e ativistas no mundo, segundo a ONG Global Witness. Em um cenário onde os grandes líderes do agronegócio, mineradoras e mega hidrelétricas são a oposição, quem se arrisca a levantar-se e lutar pelos povos tradicionais e pela floresta?

Nas iniciativas de produção de castanhas, por exemplo, o planejamento requer desde o manejo das árvores, até a concentração da extração em uma indústria, capaz de processar a castanha, embalar e enviar para os centros consumidores. Processo industrial, logística, marketing, vendas e gestão. Um vocabulário distante das comunidades ribeirinhas e necessário ao desenvolvimento da solução extrativista sustentável, mas que é um caminho com potencial econômico e em muitos casos, até superior à exploração predatória. Por exemplo, o comparativo do açaí com a soja, segundo o professor Raoni Rajão da UFMG, a capacidade produtiva do açaí por hectare é em torno de R$26 mil, enquanto da soja é menos de R$3 mil. Se uma única fruta da floresta Amazônica é hoje um dos alimentos mais famosos no mundo para esportistas e valorizado por sua qualidade nutritiva, quantos outros não estamos dando as costas ao apoiar a monocultura que queima a floresta e contamina os rios com agrotóxicos? Já é tempo de incentivar nossos pesquisadores, valorizar os produtos sustentáveis e gerar retorno econômico com a floresta em pé.

Quando decidi ir pela primeira vez à Amazônia havia um universo de expectativas dentro de mim. A dura realidade das condições das comunidades me bateu aos poucos, conforme tive a oportunidade de adentrar mais e mais nas regiões remotas do Rio Negro. Meu olhar logo parou em um casal que largou uma vida confortável na Europa para oferecer condições de estudo para crianças ribeirinhas. O que muitas pessoas no mundo e até no Brasil não sabem é que as escolas dessas regiões oferecem ensino multisseriado (todas as idades na mesma classe, com o/a mesmo/a professor/a) e somente até a quarta série, ou seja, cerca de 11 anos de idade. Aquelas que continuam os estudos são as crianças enviadas para a casa de parentes nas cidades, geralmente em situação marginalizada e precária, vulneráveis a abusos e trabalho infantil. Esse casal de europeus sentiu um chamado, aquilo que sentimos quando nossa missão é apresentada e sabemos que não podemos mudar o mundo sozinhos, mas podemos mudar a vida de algumas pessoas e isso já é o suficiente. A Escola VivAmazônia na comunidade do Gaspar, comemora quase 20 anos de trabalho na formação de crianças até o oitavo ano, em uma região acessível somente por 2 dias de barco.

Tive a oportunidade de conhecer também outro europeu que se casou com uma amazonense e com o apoio de amigos da Suiça criaram juntos a Fundação Almerinda Malaquias, que oferece condições de trabalho por meio da produção de artesanatos de madeira reutilizada da construção naval local para adultos e educação ambiental para crianças. Promover atividades sustentáveis e incentivar ofícios alternativos aos trabalhos ilegais são a melhor forma de oferecer condições para que as comunidades da Amazônia subsistam com a floresta em pé.

Dentro das atividades que podem ajudar a salvar a Amazônia de suas ameaças, é necessário considerar que muitas comunidades vivem em unidades de conservação de proteção integral. Diferente das unidades de uso sustentável, que permitem a agricultura familiar e outras atividades extrativistas, as unidades mais restritas possuem na produção do artesanato e no turismo suas principais fontes econômicas.

Diante desse cenário, o que podemos fazer pela Amazônia? Continue lendo mais informações sobre a Amazônia em nosso Especial Amazônia com 3 outros posts sobre: a Amazônia em números, as 7 principais ameaças à Amazônia e o que podemos fazer para salvar a Amazônia.